quinta-feira, 16 de junho de 2011

Sonetos à D. Angela de Sousa Paredes de Gregório de Matos
Não vira em minha formosura,
Ouvia falar dela todo dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura:

ONtem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma mulher, que em Anjo se mentia;
De um Sol, que se trajava em criatura:

Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me,
Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me:

Olhos meus, disse então por defender-me,
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes olhos cegueis, do que eu perde-me.

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